Publicado por Ivan Mario Braun
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VIOLÊNCIA DURANTE O SONO

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#VIOLÊNCIA DURANTE O #SONO Você sabia que algumas pessoas se tornam agressivas, enquanto dormem? Desde o século XIX, existem descrições de pessoas que se tornam violentas durante o sono e agridem quem estiver perto, chegando até ao homicídio, em alguns casos. Ocorrem casos de pessoas que têm relações sexuais neste estado, também e, inclusive, estas relações podem assumir caráter também violento. Como ocorre isto? O sono é dividido em várias fases. Duas delas são o sono de ondas lentas (devido ao aspecto do registro das ondas cerebrais, no eletroencefalograma) e o sono de movimentos oculares rápidos (abreviado como MOR, em português, mas que, geralmente, é chamado pela abreviação inglesa – REM de “rapid eye movement”). O estágio de ondas lentas corresponde ao sono mais profundo e é mais frequente no primeiro terço da noite. À medida que a noite vai chegando ao fim, aumentam os episódios de sono REM. Neste tipo de sono, como diz o nome, os olhos se movimentam rapidamente e existe uma atividade cerebral que gera sonhos vívidos e, muitas vezes, de situações de fuga ou luta. Normalmente, as pessoas ficam com seus músculos mais poderosos paralisados, durante esta fase. Por quê? Possivelmente porque, se isto não ocorresse, elas sairiam correndo, gesticulando, dando socos. Pois é justamente isto que se passa com algumas pessoas: elas têm o que se convencionou chamar de “transtorno comportamental do sono REM”. Estas pessoas apresentam movimentos musculares grosseiros e impetuosos, em pleno sono. Acabam caindo da cama, se machucando, machucando a pessoa com quem dormem. É algo muito perturbador e traz muito sofrimento tanto para o paciente quanto para quem dorme com ele. Um outro tipo de agressividade ocorre na vigência do sono de ondas lentas ou, melhor, quando a pessoa fica num estado de “quase despertar” – algo intermediário entre o sono profundo e o estado de em que a pessoa está acordada. Fazem parte deste tipo de comportamento o sonambulismo (andar “dormindo”), o sonilóquio (falar dormindo), o terror noturno (episódios em que a pessoa, frequentemente uma criança, fica tomada de uma sensação muito grande de medo e terror, ao mesmo tempo que sua, treme e sente palpitações cardíacas). Neste tipo de situação, se houver alguém por perto e, sobretudo se quem estiver por perto ficar no caminho da outra pessoa ou procurar despertá-la, o indivíduo que está dormindo pode atacá-la como se fosse um inimigo ou alguém querendo agredi-la. Outros dados interessantes a respeito deste assunto é que, como o comportamento violento com as pessoas acordadas, as pessoas que se tornam violentas durante o sono são mais frequentemente do sexo masculino. Além disso, algumas condições, como fadiga extrema, privação de sono e algumas medicações podem aumentar a probabilidade de alguém se tornar violento durante o sono. O diagnóstico é feito através de uma entrevista com um especialista em sono que, possivelmente, vai pedir uma polissonografia, exame em que a pessoa dorme, ao mesmo tempo que são medidas suas ondas cerebrais, as contrações de seus músculos, sua frequência cardíaca e o oxigênio de seu sangue. Ela é também observada através de uma câmera, de modo que se possa correlacionar seus comportamentos com possíveis causas. Os tratamentos para os comportamentos violentos durante o sono são variados: por exemplo, para o transtorno comportamental do sono REM, funcionam bastante bem as medicações do grupo dos benzodiazepínicos e há alguns estudos recentes com a melatonina, que é o hormônio natural do sono. Fazem parte do tratamento, também, a higiene do sono (isto é, a correção dos hábitos de sono da pessoa) e, por vezes, em alguns casos mais graves, algumas abordagens menos agradáveis como, por exemplo, despertar a pessoa antes do período em que costuma apresentar terror noturno. Referência: Siclari F , Khatami R, Urbaniok F , Nobili L , Mahowald MW, Schenck CH, Bornemann MAC, Bassetti CL Violence in sleep Brain. 2010 Dec;133(Pt 12):3494-509. doi: 10.1093/brain/awq296. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/